A partir de sábado (27), as viações Marechal, São José e Urbi assumem 12 linhas deixadas pela cooperativa MCS Transportes — empresa responsável por oferecer condução a passageiros no Recanto das Emas, no Riacho Fundo II, na Estrutural e no Guará. Desde 27 de maio, a companhia passou a apresentar irregularidades na prestação do serviço, chegando à paralisação total das atividades no início deste mês.
De acordo com o planejamento estruturado pelo Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans), Marechal e São José se encarregarão de cobrir as linhas Estrutural/Guará, enquanto a Urbi ficará a cargo da rota Recanto das Emas/Riacho Fundo II. “Os responsáveis pela MCS foram notificados na semana passada e tiveram 72 horas para manifestarem alguma posição, mas não nos deram retorno”, informa o diretor-técnico do DFTrans, Adônis Ribeiro.
O plano emergencial tem vigência de 30 dias prorrogáveis por outros 30. Nesse período, cabe à Secretaria de Mobilidade estudar outro planejamento para concessões das linhas.
De acordo com o DFTrans, as empresas atuarão com frota reserva para atender aos usuários nesses trajetos. Cada uma delas, de acordo com o estipulado em contrato, precisa ter 5% extra de carros para eventualidades, como problemas técnicos, panes e consertos. A autarquia lembra que, na semana passada, todos os débitos com as cooperativas foram quitados. O valor da dívida do governo anterior com as cooperativas, inclusive a MCS, era de R$ 6 milhões.
Segundo a presidente da Associação das Cooperativas de Transporte, Marlene Francisca Alves Chagas, a MCS Transporte vai encerrar as atividades. “A cooperativa não consegue lucrar apenas com a arrecadação das passagens”, opina.
De acordo com Marlene, o preço de R$ 1,50 gera prejuízo às empresas de transporte. “Precisaríamos de subsídio do governo para chegarmos, ao menos, ao valor de R$ 3,19, equivalente à menor tarifa cobrada pelas empresas de ônibus”, explica. A quantia custeada pelo poder público é conhecida como tarifa técnica, enquanto a paga pelo passageiro é a tarifa social.
Autuação e multa
A subsecretaria de Fiscalização, Auditoria e Controle, ligada à Secretaria de Mobilidade, autuou a MCS por descumprimento de contrato. A pasta elaborou relatório sobre os dias paralisados e solicitou a volta imediata da empresa às atividades — o que não ocorreu. “Enquanto a ordem de serviço estiver vigente, ela pode continuar sendo multada”, alerta o subsecretário, Fernando Pires. “A companhia corre o risco de ter o contrato rescindido”, completa.
A multa total ainda não foi calculada, mas o subsecretário ressalta que os valores são de R$ 270 e R$ 540, por falta de operação de uma linha, dependendo do número de reincidências.
Greve de 72 horas
Em assembleia na manhã de domingo (21), em frente ao Sindicato dos Rodoviários, no Setor de Diversões Sul (Conic), motoristas e cobradores das cooperativas decidiram paralisar as atividades na quinta-feira (25). A greve está prevista para durar 72 horas e vai afetar todas as cooperativas de micro-ônibus do DF: Planeta, MCS, MLF, Cootransp, Cootarde, Coobrataete, Coopertran, Coopatag, Cootaspe, Cootarde Convencional e Cooperride.
A representante das cooperativas, Marlene Chagas, destaca que os trabalhadores reivindicam equiparação salarial com os servidores das empresas de ônibus, com reajuste de 20%; aumento de outros 20% no tíquete-alimentação; e redução da jornada de trabalho em quarenta minutos, passando para seis horas diárias.
O DFTrans sabe que a interrupção nos serviços terá consequências para o transporte coletivo, mas lembra que as empresas continuam a operar normalmente e podem amenizar os efeitos da paralisação. “A greve afeta apenas as linhas internas das regiões, chamadas de circulares”, comenta o diretor-técnico do DFTrans, Adônis Ribeiro.
De acordo com Marlene Chagas, o número de micro-ônibus em circulação no Distrito Federal é de cerca de 400, com quase 2,7 mil funcionários. Os veículos transportam entre 350 mil e 400 mil passageiros diariamente.
Fonte: Agência Brasília